A resposta possível ao desafio que me foi feito, pelo Centro de Competência da Escola Superior de Educação de Setúbal, de apresentar o meu testemunho sobre a ainda pouca experiência de utilização de blogues em Educação (apenas um ano e meio). Um diário de bordo resumido, simples reflexões de quem está apenas a começar. Não contem com certezas. Estejam certos de que sobrarão muitas perguntas. O caminho faz-se caminhando.
Para quem? Com quem?
domingo, 11 de fevereiro de 2007
Para mim? Comigo?

O professor é pessoa em ligação permanente com os outros.
Precisa de um espaço seu para respirar. Cuidar de si. Aprender.
(Há quem se esqueça)
Há a casa. Há o jardim. Há livros, passeios, música, cinema. As viagens de todos os tipos.
A teia como exercício pessoal de crescimento e partilha.
Ninguém infeliz é bom mestre.
Ninguém triste tem algo para oferecer.
Ninguém cinzento faz aprender as cores. As flores.



Para os Alunos? Com eles?

Sim, sempre sim.
Equilibrar a dádiva e o pedido.
Oferecer segurança, mas estimular a autonomia.
Envolvê-los, criar condições para o crescimento.
Partilhar, exigir. Levá-los até ao dia em que passarão a ser os únicos responsáveis pelos espaços criados inicialmente com o apoio dos professores.



Para os Professores? Com eles?

Os parceiros de aventura. Não precisam de ser iguais a nós, partilhar sentidos, direcções.
Precisam de estar presentes. Precisamos de encontrar um tempo de partilha.
Se houver fome, sede, a formação pode fazer-se ombro a ombro em qualquer momento. A teia pode envolver sem obrigação. Tem acontecido. Lentamente, mas com segurança, vão crescendo as experiências em torno de diferentes projectos. Conquista-se cativando. Mostrando que o depois é melhor do que o antes, mesmo que dê trabalho.
Tudo o que vale a pena dá o seu trabalho a construir...
Mas, depois, há sorrisos e conquistas que já não desejamos perder.
Assim se vai crescendo. E se vai tornando impossível recuar.



Para todos os outros...

Porque é preciso dignificar o exercício da profissão. Oferecer imagem dos cenários que contrariam os dizeres agourentos que esmagam e não servem a educação. Para os outros sim. Para que saibam, sintam, vejam de que mil rostos se faz um aluno, um professor, se faz a escola, se faz a aprendizagem. No seu melhor. No menos bom. Para revelar os absurdos, constatar, contestar, reflectir, rever, repensar, sugerir... Exercer a cidadania, participar, argumentar.
Porque é preciso colocar a nossa voz no mundo e levá-la mais longe.
Neste momento muitos bons blogues de professores prestam um excelente serviço público. São o exemplo de uma cidadania aplicada e persistente na luta contra ventos e tempestades que procuram varrer a essência da escola e substituí-la por um aglutinado de fazeres sem tempo para projectar, reflectir, avaliar de forma séria.
Este exercício de cidadania permite o optimismo, apesar de tudo. Os blogues em educação podem ser razão, intenção, objecto, objectivo, intrumento, ferramenta, o centro, a essência, o que quisermos que eles sejam.É nas nossas mãos que o segredo mora.




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desfiado por Teresa Martinho Marques at 21:43 | Permalink